E TE CHAMAVAM MARIA... – Texto 3


            A compreensão da presença de Maria no cenário da fé cristã se coloca no plano mais amplo da salvação quando Deus estabelece uma Aliança com o ser humano. Tal Aliança é muito mais que o mero estabelecimento de relações amistosas entre Deus e o ser humano, ou simples promessa divina de proteção e auxílio enquanto o ser humano lhe deve gratidão, respeito, súplica. Essa é uma concepção pagã. A Aliança bíblica convoca o ser humano para associar-se a Ele, comprometendo sua liberdade no seguimento dos seus planos. A partir dessa concepção podemos entender os grandes personagens bíblicos e sua caminhada de fé desde Abraão.
            Ao Deus que se revela e manifesta o seu amor convidando-nos a caminhar com Ele a resposta da obediência tem que ser por amor. Daí podemos entender tantas imagens do amor humano utilizadas pelos autores sagrados para traduzir o amor de Deus por nós e a relação que deseja estabelecer: pode ser a de um homem apaixonado, possesivo e ciumento, de um pai que educa ou simplesmente o amor terno e fiel de uma mãe. Dentro desse quadro de demonstrações amorosas, em uma linguagem que compreendemos, Deus espera que assumamos um compromisso com Ele.
            Jesus virá a ser o grande sinal da Aliança, a maior demonstração visível do amor divino. Por Ele o amor de Deus chega a nós e através dele voltamos para o Pai. Quando Ele nos afirma ser “Caminho, verdade e vida”, temos claro que somente pela escuta e obediência a sua palavra e na aceitação de sua pessoa e de sua doutrina temos acesso ao Pai. Jesus está no centro dessa história salvífica, o grande mediador entre nós e o Pai.
            A ação de Jesus é a mesma que o Pai vem estabelecendo desde o início, uma salvação que não prescinde da colaboração humana. Tal chamado respeita e inclui a originalidade e a liberdade de cada um sob a ação da Graça. Na dimensão cristã fica mais clara uma salvação que é vivida na solidariedade para com o outro. Cada um tem uma importância salvífica para o outro. O que já experimentamos no plano natural se aplica também no plano sobrenatural. Nossa fé foi construída pelo testemunho dos que estão a nossa volta e também daqueles que se destacaram em seu papel na missão evangelizadora da Igreja.
            Nessa centralidade de Cristo no mistério salvífico, qualquer outro elemento ou pessoa só tem valor para nós se é derivado d’Ele ou a Ele se refere. A mediação dos santos se mede pela proximidade e conexão com o mistério de Cristo. Assim podemos entender o porquê de Maria nesse quadro da vida cristã. É o papel que ela ocupa na história da salvação que determina a sua conexão com o mistério de Cristo. Deus a escolheu para torna-la um sinal visível de Sua ação, uma manifestação do Seu amor.
Maria entra na esteira dos testemunhos bíblicos. “Na leitura atenta dos dados das Escrituras e no seguimento crente da interpretação que a Igreja oferece aos mesmos, temos os melhores caminhos para definir a posição de Maria na história da salvação, e, por conseguinte, em nossa própria história” (Maria: um exemplo de Mulher – Angel L. Strada – Ave Maria).  Seguiremos a nossa reflexão analisando as imagens bíblicas do Antigo Testamento onde a Igreja busca suas referências ao mistério de Maria que não têm um caráter bibliográfico, apenas nos ajuda a perceber as intuições divinas espalhadas nos textos sagrados que nos permitem vislumbrar a importância de sua pessoa e de sua missão dentro do plano desenvolvido por Deus. 


Oração a Nossa Senhora da Santíssima Trindade

Eu te venero de todo meu coração, Virgem Santíssima, como a filha do Pai eterno e a Ele consagro o meu ser na sua totalidade, acolhendo a filiação divina, na gratuidade.
Eu te venero de todo meu coração, Virgem Santíssima, como Mãe do Filho único e a Ele consagro o meu ser com todos os sentidos a serviço da vida e da comunhão.
Eu te venero de todo meu coração, Virgem Santíssima, como templo querido do Espírito Santo e a Ele consagro o meu coração com todos os seus afetos, pedindo-te obter da Santíssima Trindade a perseverança no seguimento de Jesus e no amor trinitário.