A
compreensão da presença de Maria no cenário da fé cristã se coloca no plano
mais amplo da salvação quando Deus estabelece uma Aliança com o ser humano. Tal
Aliança é muito mais que o mero estabelecimento de relações amistosas entre
Deus e o ser humano, ou simples promessa divina de proteção e auxílio enquanto
o ser humano lhe deve gratidão, respeito, súplica. Essa é uma concepção pagã. A
Aliança bíblica convoca o ser humano para associar-se a Ele, comprometendo sua
liberdade no seguimento dos seus planos. A partir dessa concepção podemos
entender os grandes personagens bíblicos e sua caminhada de fé desde Abraão.
Ao Deus que
se revela e manifesta o seu amor convidando-nos a caminhar com Ele a resposta
da obediência tem que ser por amor. Daí podemos entender tantas imagens do amor
humano utilizadas pelos autores sagrados para traduzir o amor de Deus por nós e
a relação que deseja estabelecer: pode ser a de um homem apaixonado, possesivo
e ciumento, de um pai que educa ou simplesmente o amor terno e fiel de uma mãe.
Dentro desse quadro de demonstrações amorosas, em uma linguagem que
compreendemos, Deus espera que assumamos um compromisso com Ele.
Jesus virá a
ser o grande sinal da Aliança, a maior demonstração visível do amor divino. Por
Ele o amor de Deus chega a nós e através dele voltamos para o Pai. Quando Ele
nos afirma ser “Caminho, verdade e vida”, temos claro que somente pela escuta e
obediência a sua palavra e na aceitação de sua pessoa e de sua doutrina temos
acesso ao Pai. Jesus está no centro dessa história salvífica, o grande mediador
entre nós e o Pai.
A ação de
Jesus é a mesma que o Pai vem estabelecendo desde o início, uma salvação que
não prescinde da colaboração humana. Tal chamado respeita e inclui a
originalidade e a liberdade de cada um sob a ação da Graça. Na dimensão cristã
fica mais clara uma salvação que é vivida na solidariedade para com o outro.
Cada um tem uma importância salvífica para o outro. O que já experimentamos no
plano natural se aplica também no plano sobrenatural. Nossa fé foi construída
pelo testemunho dos que estão a nossa volta e também daqueles que se destacaram
em seu papel na missão evangelizadora da Igreja.
Nessa
centralidade de Cristo no mistério salvífico, qualquer outro elemento ou pessoa
só tem valor para nós se é derivado d’Ele ou a Ele se refere. A mediação dos
santos se mede pela proximidade e conexão com o mistério de Cristo. Assim
podemos entender o porquê de Maria nesse quadro da vida cristã. É o papel que
ela ocupa na história da salvação que determina a sua conexão com o mistério de
Cristo. Deus a escolheu para torna-la um sinal visível de Sua ação, uma
manifestação do Seu amor.
Maria entra na esteira dos testemunhos
bíblicos. “Na leitura atenta dos dados
das Escrituras e no seguimento crente da interpretação que a Igreja oferece aos
mesmos, temos os melhores caminhos para definir a posição de Maria na história
da salvação, e, por conseguinte, em nossa própria história” (Maria: um exemplo de Mulher – Angel L.
Strada – Ave Maria). Seguiremos a nossa
reflexão analisando as imagens bíblicas do Antigo Testamento onde a Igreja
busca suas referências ao mistério de Maria que não têm um caráter
bibliográfico, apenas nos ajuda a perceber as intuições divinas espalhadas nos
textos sagrados que nos permitem vislumbrar a importância de sua pessoa e de
sua missão dentro do plano desenvolvido por Deus.
Oração a Nossa Senhora da
Santíssima Trindade
Eu te venero de todo meu coração,
Virgem Santíssima, como a filha do Pai eterno e a Ele consagro o meu ser na sua
totalidade, acolhendo a filiação divina, na gratuidade.
Eu te venero de todo meu coração,
Virgem Santíssima, como Mãe do Filho único e a Ele consagro o meu ser com todos
os sentidos a serviço da vida e da comunhão.
Eu te venero de todo meu coração,
Virgem Santíssima, como templo querido do Espírito Santo e a Ele consagro o meu
coração com todos os seus afetos, pedindo-te obter da Santíssima Trindade a
perseverança no seguimento de Jesus e no amor trinitário.